Biguaçu lança nota sobre greve
Nota emitida pelos professores da Escola Estadual Básica Professor José Brasilicio, esclarece as razoes da adesão a greve geral. É enviada pelo professor Décio Teixeira, em nome de seus colegas. Confira seu conteúdo:
¿Nós, professores da E.E.B.Professor José Brasilício, aderimos a greve. Aderimos por entender que a escola é um dos componentes da formação do cidadão. Portanto, aderir à greve também deve significar para nossos alunos que o cidadão deve lutar pelos direitos a eles outorgados. Aderimos porque queremos mostrar para nossos alunos que ser cidadão significa também ter deveres a serem cumpridos e esses deveres são cumpridos regularmente, das mais variadas maneiras: pagando nossos impostos, cumprindo nossas obrigações trabalhistas e tantas outras coisas. E também elegendo nossos políticos, que acreditamos, além de terem direitos, cumprirão os seus deveres. Parece-nos que um dos deveres dos políticos é cumprir o que a lei determina. Como qualquer cidadão.
Aderimos e continuaremos lutando pelo nosso direito. Gostaríamos de voltar às salas de aula com o discurso de que nossos políticos cumpriram com o seu dever, respeitaram o que foi determinado pelo STF e que podemos,portanto, acreditar na política e nos políticos.
Devemos,sim, sempre falar, mas não ,apenas, falar em educação de qualidade. Devemos buscar escolas de qualidade, professores de qualidade….de ótima qualidade. Para isso, entendemos que formar cidadãos de ótima qualidade com certeza fará surgir sempre ótimos políticos para uma política também de ótima qualidade.
Professores de ótima qualidade para escolas de ótima qualidade: é assim que queremos e para isso que vamos lutar…. Até fazermos desse país o que ele realmente poderá vir a ser. Décio Teixeira, professor graduado e pós-graduado em Belas Artes, e demais professores da E.E.B. professor José Brasilício, Biguaçu.¿
Sepultando o mérito
Atravessando meia noite, vou me recolher com uma reflexão. E dormir com muitas dúvidas.
A ordem do dia proclamada pelos modernos gestores não é ¿valorização do mérito¿? Ganha mais quem tem mais estudos, não é assim? Tem melhores salários quem se dedica mais à instituição, não é verdade? Deve perceber melhor quem conta com mais treinamentos, aprimoramentos, diplomas, é isto?
Pois que alguém me responda, por favor: Em que empresa, grande ou média, que teve sucesso nos últimos anos, o empregado recém chegado ganha quase o mesmo de um antigo servidor, zeloso, estudioso, dedicado e com formação pós-graduada?
Em que organização vitoriosa ¿ pública ou privada, empresarial ou cooperativa ¿ os mais antigos, os mais especializados, os mais tempo na carreira ¿ são excluídos de um reajuste salarial global?
Parece que estão querendo que soldado raso ganhe igual a general, é isso mesmo?
Ou que juiz substituto tenha salários iguais a desembargador?
Ou, ainda, ignorando todos os esforços individuais de aprimoramento intelectual e profissional constante?
Parece que o negócio é achatar, arrochar e desmobilizar. A qualquer preço e a todo custo.
Vale Alimentação de Professor é de R$ 6,00. Pode?
Já publiquei no twitter e dou mais detalhes aqui no blog. Ao final da reunião dos professores com o secretário Marco Tebaldi, depois de ouvi-los sobre o impasse e a medida provisória do piso salarial, conversei com vários professores.
Um deles, 29 anos de trabalho, especialização, leciona Português e Inglês, regime de 60 horas semanais. Começa a dar aulas as 7,30 e só volta para casa depois das 22,00 horas. Diz que não tem tempo nem para ir ao computador. Nos fins de semana dedica-se a corrigir provas. São 26 turmas e 700 alunos. Achei uma loucura. Fiquei incrédulo. Ele e os colegas disseram que não era exceção. Excesso de trabalho é comum.
Triste. O Vale Alimentação dele e dos professores é de R$ 6,00. Isto mesmo, seis reais. Dá, mal e mal, para um café com sanduiche. Valor congelado há anos.
Não há professor na face da Terra que resista a tanta pressão, tanto trabalho e tanto desestímulo.
Chega a ser desumano!
700 alunos e 12 horas de aulas por dia
Seu nome, Aline. Sua escola, a estadual Irmã Maria Tereza. Adolescente loira, olhos avermelhados num rosto meigo carregado de esperanças. No meio dos professores postados frente ao prédio da Secretaria da Educação, ela também esperava a proposta conciliadora do fim da greve. A expectativa virou suspense, beirando a tensão. O movimento do magistério teria duas opções: ou o governo pagava o piso salarial sobre toda a carreira e eles iriam celebrar; ou a anunciada medida provisória vinha capenga, abrangendo apenas parte dos professores e a greve iria continuar. Deu o pior. Solidária, a jovem aluna explicava sua decepção. Queria melhores salários para seus professores, desejava retornar à sala de aula, acalentava muitos sonhos com seus colegas. Tinha vindo para ouvir a boa nova e recebera um balde de água fria.
O sentimento dos professores ali presentes era refletido num misto de frustrações, indignação e até revolta. Formaram coro para xingar o secretário. Lançaram slogans de críticas ao governo Colombo. Abandonaram as faixas e saíram em silêncio, num clima lúgubre. Mas em paz saíram anunciando mais greve.
Os que ali permaneceram faziam relatos dramáticos. Um professor da Escola Wanderley Júnior, com 23 turmas, 30 alunos por turma, 18 anos de atividade, ganha cerca de R$ 2.000,00. Chegou outro, melhor qualificado, que leciona Português e Inglês, duas disciplinas vitais na formação dos jovens. Tem regime de 60 horas por semana. Isso mesmo: 12 horas de trabalho por dia. Começa às 7h30m e só volta para casa depois das 22 h. Tem 26 turmas e 700 alunos. Descanso semanal, nem pensar. Aproveita sábados e domingos para corrigir provas. Pior: vai almoçar em casa todos os dias porque o auxílio alimentação dos professores catarinenses é uma indecência: R$ 6,00 por dia. Ou R$ 132,00 mês, contra mais de R$ 800,00 dos servidores dos outros poderes.
Professor diz que carreira é constitucional
Do professor José Heriberto de Oliveira, via e-mail:
¿Caro Moacir!
Se o Governo do Estado estava fora da lei por não implantar o Piso Nacional, agora ficará ilegal por não atender a Constituição Estadual. A Constituição é clara ao assegurar a progressão funcional baseada na titulação. Ver abaixo. Professor Jose Heriberto
Art. 28. São direitos específicos dos membros do magistério público:
I – reciclagem e atualização permanentes com afastamento das atividades sem perda de remuneração, nos termos da lei;
II – progressão funcional na carreira, baseada na titulação;
III ¿ cômputo, para todos os efeitos legais, incluída a concessão de adicional e licença-prêmio, do tempo de serviço prestado a instituição educacional privada incorporada pelo Poder Público.¿
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